A forja comunitária

Nem todos, principalmente os mais novos, saberemos onde era a forja comunitária de Outeiro.
Pulemos ao ano de 1796, estamos na antiga vila sede de Concelho, Outeiro! Vivem aqui 1818 homens, 1813 mulheres, ocupam-se nas seguintes profissões:
4 Barbeiros, 35 Eclesiásticos seculares, 3 Pessoas literárias, 3 cirurgiões, 2 Boticários, 470 Lavradores, 161 Jornaleiros, 240 Fabricantes de coruma, 25 Alfaiates, 30 Sapateiros, 6 Carpinteiros, 7 Pedreiros, 74 Sem ocupação, 12 Pastores, 33 Criados e 34 Criadas, 4 Ferradores e 17 Ferreiros.
Com 17 ferreiros e 4 ferradores activos, haveria com certeza mais que uma forja, a comunitária e as particulares.

Onde era a forja comunitária?


A forja era uma oficina do povo onde se aguçavam as guinchas, aixadões, machadas, relhas do arado, picos, facas e se faziam ou concertavam outros utensílios metálicos, assadeiras, dobradiças, trasfogueiros, braseiras, grades, ferraduras, aros dos carros de bois.


Instalava-se numa casa térrea, geralmente de pequena dimensão. Tinha no interior um maciço de pedra onde se colocavam as brasas de azinho e sobro - fornalha - e sobre ela uma pedra vertical com um buraco onde passava o bico do fole, construído em madeira e couro, de grande dimensão a accionado por uma alavanca manual.
Próximo da fornalha estava o cepo com a bigorna, também designada cavalete ou çafra, onde o malho moldava o ferro e junto, a pia com água para o temperar. E a monte, algumas formas de pedra para moldar calotes e diversas ferramentas para forjar o ferro - calcadores, talhadeiras, ponteiros, tenazes, etc.




Os últimos ferreiros que por ali passaram vinham de Argozelo, Milhão e Vinhas, como já não há ferreiros nem ferradores nas redondezas, deixamos de ouvir o bater na bigorna e até o fole parou de bufar.

Comentários