Festa do Charolo de Outeiro, Finalista Regional


A Festa do “Charolo” é celebrada todos os anos na aldeia de Outeiro, no concelho de Bragança, no dia 10 de Janeiro ou no sábado mais próximo ao dia consagrado a S.Gonçalo, Santo em honra do qual é realizada a Festividade. Esta tradição é momento de fé e celebração do espírito comunitário durante o qual o pão assume papel de destaque. Celebra-se a abundância dos produtos da terra e honra-se a mãe natureza e a sua fertilidade. São festas do pão, o fruto da terra por excelência, um símbolo de fartura e de alimento nos meios rurais.
O “Charolo”, é um imponente andor enfeitado com centenas de roscas (pão doce), confecionadas, nos dias que antecedem a Festa, no forno comunitário da aldeia, pelas mulheres dos 10 mordomos de S.Gonçalo. Este gigante andor é ainda composto por 5 ramos adornados com doces, laranjas e até enchidos e no dia da Festa é benzido durante a Missa e as roscas leiloadas.
Na Festa do “Charolo” o sagrado e profano convivem em rituais que foram passando de geração em geração e continuam a ser partilhadas, comidas e, sobretudo, dançadas.
A “Dança das Roscas” é um dos momentos altos da tradição. Homens e mulheres, juntam-se no largo da aldeia para cumprir o ritual. Homens de um lado, mulheres do outro, eles erguem uma rosca de grandes proporções nas mãos, elas abanam os braços no ar.
Ao som da gaita-de-foles cada fila avança no sentido da outra, até que, numa reviravolta rápida, os rabos tocam-se e os pares assumem a posição inicial. No final, as roscas dançadas são cortadas e distribuídas pelos presentes.
Segue-se o leilão das roscas do “Charolo” e no final a população acompanha os mordomos, em cortejo, para entregar a Festa aos responsáveis pela organização da do ano seguinte.
No entanto, as celebrações não terminam aqui. Em Outeiro, em dia de São Gonçalo, come-se, bebe-se e dança-se enquanto existir uma porta aberta. Durante a noite, é organizado a tradicional “Pandorcada”. Este cortejo reúne novos e velhos e percorre as ruas da aldeia dançando as roscas que lhe são oferecidas. Como rosca dançada, é rosca partilhada, tem lugar novo momento de partilha e celebração.
A recordar tempos idos em que o pão matava a fome e em que esta chegou à aldeia trazida pela peste. Nessa época, conta o povo, foi São Gonçalo que salvou a aldeia. Na altura, diz-se, os habitantes cozeram pão para ser distribuído por todas as pessoas da aldeia. “Ainda hoje, as roscas do Charolo devem ser comidas por todos os habitantes (e, mesmo, pelos animais), já que se acredita que isso protege da profilaxia da raiva e outras doenças.” Pelo milagre a população fez construir uma capela e organiza, desde então, uma Festa em sua honra.
É assim, pelo menos, desde o século XVIII, altura em que surgem os primeiros registos desta manifestação religiosa e popular.
O dinheiro adquirido durante as festividades era entregue à Comissão Fabriqueira da Igreja que o utilizava para proceder a obras na Igreja e capelas da freguesia.

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